O que faz a rainha e de onde ela tira seu sustento?
A rainha Elizabeth 2ª, que neste ano completa seu jubileu de diamante (60 anos no trono), é a chefe de Estado do Reino Unido e de alguns países da Commonwealth (entre eles, Austrália, Canadá, Jamaica e Nova Zelândia).
Como chefe de Estado, ela não tem poderes executivos ou legislativos, mas cabe a ela declarar de maneira protocolar quando o país está em estado de guerra ou paz, liderar as Forças Armadas, proclamar a dissolução do Parlamento e ratificar tratados internacionais, entre outras atribuições, como receber convidados estrangeiros e representar o país no exterior.
Mas sua importância é apontada também pelo fato de ser “um símbolo de unidade e orgulho nacional”.
“Seu papel como chefe de Estado é em grande parte simbólico”, explica o acadêmico David Loades, autor de diversas biografias sobre monarcas britânicos.
“Mas papéis do Estado relacionados a assuntos governamentais são enviados à rainha diariamente, e o premiê a visita uma vez por semana para discuti-los. Os premiês dizem valorizar essas conversas porque, com 60 anos de reinado, ela tem muito mais experiência de governo do que eles.”
Em tese, explica Loades, qualquer cidadão britânico pode escrever à rainha e pedir sua intervenção em determinado assunto.
Quanto às suas fontes de renda, elas vêm principalmente de lucros obtidos com a exploração de seus terrenos pessoais, rendimentos de seus investimentos e a chamada Civil List: “É uma quantia destinada pelo governo à rainha e a membros sêniores da família real, para que eles mantenham a monarquia”, conta Loades.
Esse dinheiro é usado para manter os palácios reais, transporte e entretenimento de convidados, por exemplo.
E, por conta de mudanças legais recentes, a família real também paga impostos atualmente.
Por que tantas nomenclaturas: Inglaterra, Grã-Bretanha e Reino Unido?
São conceitos geopolíticos, explica o professor de direito internacional José Blanes Sala: o Reino Unido é um Estado que inclui nações ou regiões semiautônomas – Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.
Os documentos oficiais são assinados em nome do Reino Unido, no papel de Estado.
Inglaterra, Escócia e País de Gales, por sua vez, estão situados na ilha da Grã-Bretanha.
De onde vem o hábito de tomar chá – especialmente o chá das 5?
O chá ganhou adeptos na Grã-Bretanha no século 17, principalmente por causa da princesa portuguesa Catarina de Bragança, mulher do rei Charles 2º, explica o UK Tea Council. Ela trouxe de Portugal o hábito de beber a infusão, que assim se tornou uma bebida “da moda” entre a realeza.
E a ideia de fazer um chá da tarde é atribuída à Duquesa de Bedford, por volta do ano 1800. O jantar costumava ser servido só às 21h, e ela, com fome, teve a ideia de fazer um “lanchinho” com chá e petiscos à tarde.
“Logo a cerimônia do chá da tarde se formalizou como uma oportunidade para as damas se juntarem e fofocarem”, explica William Gorman, presidente do UK Tea Council.
Caro, o chá só era bebido pelos nobres até o começo do século 19, quando reduções no imposto sobre a infusão a tornaram mais acessível a todos.
Como surgiu a cabine vermelha de telefone?
A tradicional cabine telefônica vermelha foi introduzida no país a partir de 1936, para celebrar o jubileu de prata do rei George 5º, segundo os arquivos da empresa de telefonia British Telecom.
O modelo que se tornou um ícone chama-se K6 e é de autoria de Giles Gilbert Scott, acredita-se que inspirado por um mausoléu existente na antiga igreja de St. Pancras, centro de Londres.
O K6 servirá de inspiração para um projeto cultural nos próximos meses, em que artistas e designers transformarão cabines de Londres em instalações artísticas (veja mais em www.btartbox.com).
Por que eles dirigem do lado esquerdo (com o volante ao direito)?
Reza a lenda que, em sociedades feudais, viajar no lado esquerdo das ruas significava ter a mão direita livre tanto para cumprimentar quanto para se defender de alguém. Segundo Bob Burd, curador sênior do London Transport Museum, essa é uma versão comumente contada, ainda que haja poucas comprovações históricas.
O estilo pode ter mudado na Europa continental com a Revolução Francesa (1789), quando passou-se a rejeitar o hábito de nobres viajarem na esquerda e forçarem os camponeses à direita. Outra versão é que, anos depois, Napoleão tenha mudado a direção da esquerda para a direita por pura vontade.
Mas, na Grã-Bretanha e em muitas ex-colônias britânicas, o estilo persistiu. Há decretos históricos – de data indeterminada – determinando a direção no lado esquerdo em território britânico, explica Burd.
Segundo o engenheiro de tráfego britânico Ken Huddart, apesar da noção de que dirigir à esquerda, com o volante à direita, é “estranho”, “cerca de 40% da população mundial dirige assim”.
Tentar chegar a um padrão único seria difícil, diz ele: “Seria muito caro mudar todo o sistema”, como sinalização, rodovias, veículos…
Como surgiu o ônibus de dois andares?
Veículos de dois andares remetem ao século 19 – na Grã-Bretanha, em especial a 1851, ano da Grande Feira do Hyde Park, um evento de promoção cultural e industrial.
Com muitas pessoas querendo chegar ao local, a solução foi adotar meios de transporte – na época, ainda movidos a cavalo – em dois níveis, explica Bob Burd, do Transport Museum. Os veículos viraram motorizados no início do século 20.
O ônibus que se tornou símbolo de Londres é um modelo chamado Routemaster, que circulou entre 1959 e 2005. Agora, se restringe a algumas rotas turísticas do centro da cidade. Um novo modelo de estilo semelhante foi lançado na capital neste ano, pelo prefeito Boris Johnson.
Bob Burd explica que, apesar de estarem oficialmente fora de circulação, há Routemasters espalhados pela Grã-Bretanha nas mãos de colecionadores privados.
Como surgiram os pubs?
Os pubs derivam das “alehouses” (cervejarias) e “inns” (hospedarias) medievais, conta a historiadora de edifícios britânica Jean Manco.
“Eram lugares quentes, com um local para fermentação da bebida ao fundo, onde as pessoas se reuniam”, diz ela.
Uma grande diferença em relação aos pubs de hoje é que os atuais adotaram a prática de colocar mesas na calçada e passaram a servir comida – algo que originalmente não faziam.
A Enciclopédia Britânica explica que a palavra “pub” é uma abreviação de “public houses” (estabelecimentos públicos), em contraposição a clubes privados britânicos, exclusivos para membros.
Fonte: BBC Brasil