Telefones celulares são o item mais comum, eles são encontarados aos milhares. Dentaduras e próteses de braços e pernas, nem tanto. Mas quem pode ter esquecido seus implantes de seio num vagão do metrô de Londres? Ou um vestido de casamento?
Esses são só alguns dos milhares de itens guardados na seção de achados e perdidos do depatamento de transportes da capital britânica, que completou 80 anos de existência neste ano.
As prateleiras da seção guardam, entre outras coisas, 20.309 telefones celulares, 11.580 guarda-chuvas e 10.790 chaves.
Quando os itens chegam ao escritório, seus detalhes são registrados em um sistema de computador adequadamente batizado de Sherlock, numa referência à localização do escritório, em Baker Street, endereço também do detetive das histórias de Arthur Conan Doyle.
Cada item perdido é identificado com uma descrição e a data. Além disso, recebe uma etiqueta vermelha se foi encontrado em um táxi, uma branca se foi deixado em um ônibus ou uma amarela se foi esquecido em um trem ou uma estação.
Dentro do prédio de três andares, há um baiacu empalhado, uma máscara de gás e centenas de ursinhos de pelúcia perdidos. Também há uma cabeça de manequim de cabelereiro, que parece ter sido perdida por algum profissional que praticava cortes de estilo hipster.
“Nós verificamos os itens para procurar a identificação do proprietário, e se encontramos, escrevemos a ele”, conta William Mombo, que trabalha no local há oito anos.
Mas para evitar que os itens acabem com as pessoas erradas, ele diz, os avisos nunca dizem qual é o item em questão. “Dizemos que temos algo que pode ser da pessoa, em vez de dizer o que é”, comenta.
Quase um quarto dos itens que passam pelo escritório acaba voltando para seus usuários. Itens de maior valor, como telefones celulares, têm uma taxa de sucesso maior, com até metade voltando aos donos.
Uma cacofonia de toques abafados de celulares indica o local onde estão guardados os telefones perdidos, embalados em envelopes marrons.
É um sinal dos tempos que o número de celulares perdidos ultrapassou o de luvas e guarda-chuvas como os itens mais comuns no escritório.
“Também houve um grande aumento nos tablets e leitores de livros digitais (e-readers) que chegam aqui”, diz Mombo.
Em 2014 o número de itens que chegaram ao escritório foi o maior em mais de 40 anos. Talvez isso mostre que os habitantes de Londres estão ficando mais descuidados ou que estão mais honestos, ao encontrar algo perdido e encaminhar ao escritório em vez de se apropriar do objeto.
Se os itens não são reivindicados em até três meses após chegarem ao escritório, são despachados em um escorregador em espiral até o primeiro andar do edifício.
A maioria dos itens é doada para instituições de caridade, incluindo o Exército da Salvação ou a Cruz Vermelha, enquanto outros são reciclados, jogados fora ou leiloados.
Fonte: BBC